O dilema do filho único

Atualmente, muitos casais optam por famílias menores e, consequentemente, pelo filho único. Muitos preferem, ainda, ter nenhum. Para os que têm apenas um filho, o motivo alegado é que a vida, hoje, é muito cara, os pais trabalham fora e as condições são difíceis. Criar um filho, hoje, é um risco muito grande, afirmam.
Apesar de esses argumentos estarem enraizando-se cada vez mais, discordo totalmente. A vida está mais fácil do que há 20 anos. Nós é que estamos com muita pressa, achando que a vida vai acabar amanhã e que os prazeres do mundo vão esgotar-se.
Os pais reclamam que têm que trabalhar fora de casa e não podem cuidar dos filhos. A grande questão constitui-se no erro do primeiro filho. Este chega sem preparação, os pais estão ainda sem experiência e sofrem muito, assim como a criança. Esse erro cometido na conduta com o primeiro filho começa a ser corrigido quando aparece o segundo. A partir do segundo, têm-se condições de reeducar o primeiro e procurar arrumar os erros cometidos.
O filho único tem vários problemas: é muito solitário, exigente, egoísta, superprotegido. Sem ter irmão para se espelhar, para brincar, para repartir e para brigar. Os companheiros são sempre adultos, em um relacionamento sempre desigual. Crianças gostam de brincar com crianças, não com adulto. Quando essa criança vai à escola, geralmente, tem dificuldades de relacionamento com os companheiros: é agressiva, insegura ou muito fechada. Os pais também ficam sem poder de comparação. Portanto, essa criança vai procurar companhia fora de casa, pois não tem irmão.
O filho único tem maior possibilidade de envolver-se com drogas, de apresentar insegurança e problemas na escola. Quando adulto, terá maior dificuldade de enfrentar a vida. Tais problemas decorrem da inexperiência dos pais, pelo fato da criança não ter irmão e de não encontrar espelho para poder crescer melhor e mais segura. Quando existem irmãos, eles brigam, abraçam-se, fazem companhia, conversam e um observa o outro. Essa convivência forma o caráter e a personalidade.
A grande reclamação é que o primeiro filho causa muito problema; mas vale ressaltar que o segundo filho é a solução para a grande maioria dos problemas do primeiro. O segundo filho vem sempre arrumar o que o primeiro estragou. Quando o segundo filho vem, a família passa do deserto para o oásis. Tudo muda em casa, todos ficam mais calmos e os problemas resolvem-se com mais facilidade. É preciso dar uma chance a si e ao filho único: gerar o segundo, o qual será presente para todos e facilitadores de uma vida mais feliz para a família.

Dr. Cecim El Achkar
Pediatra e Educador

Depoimento lindo de Geovana da Rocha, foto do post, sobre a vinda de seu irmão.
Por 19 anos fui filha única, e diferente do que minhas amigas diziam, sempre quis ter um irmão, pois acreditava que a vida com um irmão seria muito mais alegre e cheia de emoções. E agora estamos vivendo esse momento lindo cheio de descobertas, que é a espera do tão sonhado Miguel. Tenho certeza que como irmã mais velha, serei o seu espelho, e darei sempre o melhor de mim, para que ele seja uma criança feliz e amada. Mal posso esperar para ver o seu rostinho e sentir o seu cheirinho. Com amor, sua irmã.

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