A alimentação adequada na infância previne a obesidade infantil, fornece substratos para o crescimento e desenvolvimento saudáveis, e exerce importante influência na vida adulta por meio da prevenção de doenças crônicas como sobrepeso, diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias e cânceres.
Neste contexto, a nutrição funcional vai além do conceito de alimentação saudável e objetiva abordar a alimentação da criança sob uma ótica individualizada, levando em consideração as condições sociais, econômicas, culturais, ambientais e preferências, bem como os sinais e sintomas que ela apresenta. Permite a identificação do impacto positivo ou negativo de determinados alimentos, suplementos, fórmulas lácteas, nutrientes e substâncias nocivas presentes na alimentação sobre as funções orgânicas como digestão, funcionamento intestinal, absorção de nutrientes, imunidade, sono, disposição, concentração, hipersensibilidades, alergias, dores de cabeça, entre outras condições, propiciando escolhas alimentares adequadas que permitam que o conceito de saúde transcenda a ausência de doenças, passando à constituir um novo conceito, o de bem-estar como um todo.
A nutrição funcional se baseia em avaliação física, de sinais e sintomas observados e relatados, análise do histórico clínico-nutricional da criança em conjunto com um rol de exames laboratoriais específicos para cada situação, respaldados cientificamente, objetivando a elaboração da prescrição do planejamento alimentar adequado à criança, sempre associado ao processo de educação/reeducação alimentar, essencial à incorporação de novos hábitos.
A ausência de problemas de saúde conhecidos e/ou visíveis não descarta os benefícios da nutrição funcional para todas as crianças, visto que existem deficiências nutricionais subclínicas (não perceptíveis) que podem acarretar em problemas em curto ou longo prazo, por exemplo, deficiências de proteínas, zinco, ferro, vitamina D e vitamina B12, provocadas, entre outros motivos, por más escolhas alimentares, má-absorção intestinal (decorrente de alergias, doenças intestinais, intolerâncias alimentares), alimentos que competem entre si na absorção ou, ainda, por excesso de utilização pelo organismo (como a deficiência de zinco em crianças na fase de crescimento, que pode promover uma queda na imunidade, gerando uma situação favorável a infecções).
Crianças amamentadas no peito também podem se beneficiar da nutrição funcional, visto que os nutrientes e substâncias nocivas presentes no leite materno sofrem influência da alimentação da mãe. Assim, a nutrição funcional aplicada à mãe que amamenta é de crucial importância para a saúde e bem-estar do bebê.
Considerando que a alimentação saudável está inserida no conceito de nutrição funcional, todas as crianças podem se beneficiar desta ciência, cujo objetivo é a obtenção máxima dos benefícios dos alimentos para a saúde, conservando os gostos e preferências, respeitando o ambiente cultural e socioeconômico na qual está inserida.