O pé plano, popularmente conhecido como pé chato ou pé pronado, é uma queixa comum no consultório e que motiva os pais a procurarem atendimento médico especializado. Mesmo que a criança não reclame de dor, pais, mães e cuidadores habitualmente se preocupam se esse tipo de pé pode causar dor ou algum tipo de incapacidade durante a vida adulta. Às vezes, apenas a alteração estética já é o bastante para afligir os pais.
Na realidade, a maioria das crianças e dos adultos possuem pé plano. Na grande parte dos casos, esses pés são flexíveis, estáveis e suficientemente fortes. Diversos estudos constataram que o arco longitudinal medial (a “curva” ou “elevação” da planta do pé) é formado em boa parcela das crianças durante a primeira década de vida. Na imensa maioria, esses pacientes não apresentam sintomas.
Durante a consulta, o médico colhe a história do paciente, questiona em relação à existência de dor, limitação ou prejuízo das atividades da vida diária da criança, pesquisa a história familiar de pé plano e se há outras queixas associadas. Em seguida, realiza o exame físico geral, faz testes neurológicos e de força dos membros inferiores, verifica as amplitudes de movimento articulares e o alinhamento dos membros. Por último, avalia a flexibilidade dos pés e se há contratura dos tendões de Aquiles.
Um estudo recente confirmou a excelente correlação entre a “pisada” e a análise radiográfica dos pés planos flexíveis nas crianças, reiterando que somente o exame clínico é suficiente para acompanhar o desenvolvimento do arco longitudinal nesses pacientes.
Características do pé plano ou pé chato
Nos adolescentes, existe alguma associação entre a persistência do pé plano e a contratura do tendão de Aquiles. Contudo, dos pés planos flexíveis nessa faixa etária, poucos apresentam essa contratura, que pode causar dor e limitação funcional. Menos comum ainda é o pé plano rígido. Nesses casos, a dor é um sintoma frequente e necessita ser investigada. Nas crianças, os pés planos rígidos podem estar associados a condições paralíticas, neuromusculares ou deformidades congênitas.
A maioria dos pés planos flexíveis é assintomática, não causa dor ou disfunção futura e não necessita de intervenção. O tratamento é indicado somente no caso dos pacientes que possuem queixas de dor. Nos casos dos pés planos flexíveis dolorosos, eventualmente podem ser usados dispositivos para suporte do arco plantar com o objetivo de aliviar a dor. Entretanto, eles não têm como objetivo induzir a formação do arco. Exercícios para alongamento do Aquiles são indicados na presença de encurtamento desse tendão. A indicação de tratamento cirúrgico é extremamente rara e restrita a casos específicos.
A avaliação clínica é fundamental para identificar o tipo de pé plano ou pé chato e pesquisar possíveis fatores associados. Em caso de dúvidas, os pais ou responsáveis devem procurar atendimento de um profissional especializado.