Triste realidade! Nossas crianças obesas são atualmente em maior número do que as crianças obesas dos EUA. Em nosso país, uma em cada três crianças está acima do peso. Portanto, a obesidade infantil está se tornando uma epidemia nacional e assombrando o país com a possibilidade de todas as consequências desta doença no futuro das nossas crianças.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, atualmente, em nosso país, vem diminuindo o número de crianças desnutridas (através da melhoria da medicina, do saneamento básico e do acesso à alimentação) e aumentando o número de crianças com excesso de peso. Os principais fatores causais desse aumento são os erros alimentares e a falta de atividade física. Doenças como hipotireoidismo e outras hormonais, síndromes genéticas e lesões cerebrais são causas muito raras de excesso de peso, responsáveis por no máximo 2% dos casos.
Mudança nos hábitos está tornando as crianças obesas
Ingestão de porções cada vez maiores de alimentos, uso abusivo de alimentos processados e ricos em açúcar e/ou gordura, associados à redução de atividade física, constituem fatores que, atuando em quem já tem história familiar de obesidade, aceleram o processo de ganho de peso.
Crianças e adolescentes acima do peso podem ter comprometimento de várias ordens: motores (dores em articulações e alterações em membros inferiores), no sono (consequentemente, no rendimento escolar e no humor), na autoestima e convivência social. Além disso, podem desenvolver doenças como colesterol alterado, diabetes, pressão alta, doenças cardíacas e tumores.
A identificação do excesso de peso pode ser constatada durante as consultas de rotina da criança com seu pediatra, que devem acontecer anualmente desde o nascimento até os 15 anos. Essas consultas, fundamentais para a garantia do adequado desenvolvimento infanto-juvenil, orientam as famílias quanto a qualidade e quantidade alimentar, reforçam a importância da prática regular de atividade física, esclarecem sobre hábitos equivocados, podendo prevenir e tratar casos de obesidade infantil ou encaminhar casos refratários ao tratamento ou casos graves para especialistas como o endocrinologista pediátrico e nutricionista.
É preciso reforçar os bons hábitos da família, como alimentar-se em conjunto na mesa ao menos uma vez ao dia, comer devagar saboreando os alimentos, estabelecer limites de horário e quantidade para refeições principais e lanches. Evitar ter à disposição alimentos hipercalóricos (bolachas, balas, chocolates e refrigerantes) e cozinhar com temperos prontos industrializados são outras medidas de prevenção ao excesso de peso infantil, assim como aumentar a ingestão de água e diminuir a de sucos artificiais. Consumir mais alimentos integrais e naturais, evitando os muito processados, industrializados e embalados fazem parte das recomendações. O exemplo dos pais, alimentando-se de forma saudável, estimula as crianças a comerem mais frutas, verduras e experimentar alimentos novos.
Pais que praticam atividade física regular incentivam seus filhos a terem o mesmo hábito e a diminuírem o uso abusivo de eletrônicos (ipads, celular, vídeo game, tv e computador).
Deve-se ter um cuidado especial com crianças em excesso de peso para não as estigmatizar com apelidos pejorativos e comentários que abalem sua autoestima. Para tanto, seus sentimentos e aflições devem ser acolhidos pela família e equipe médica de forma afetuosa para que possa ser criado um canal de entendimento, tanto de possíveis causas dos erros alimentares como dos limites que precisam ser estabelecidos na reeducação alimentar.
Fundamental no tratamento de obesidade é o trabalho interdisciplinar com pediatra, endocrinopediatra, nutrição e psicologia, uma vez que a doença tem múltiplos fatores, causas e consequências. E sendo a infância e a adolescência períodos tão preciosos na formação da saúde do indivíduo, faz-se necessário olhar com mais atenção seus hábitos de vida para evitar e tratar dessa doença, tão tristemente prevalente nos dias de hoje.