A importância dos primeiros 300 dias: o cuidado com o recém-nascido, da gestação até o 1º mês de vida do bebê – para viver 100 anos

Alguns importantes cuidados, logo no início da gestação, são fundamentais para formar um ser humano saudável e com vida longa. Esses cuidados têm início com a realização de um pré-natal feito de acordo com as normas da obstetrícia e algumas ações são essenciais para alcançarmos esse objetivo.

Durante a gestação, a futura mamãe precisa cuidar da dieta, que deve ser equilibrada, natural e orgânica. Para tanto, é importante que ela evite quatro alimentos brancos: o sal, o açúcar, as farinhas brancas e o leite de vaca e seus derivados. Praticar uma alimentação variada e diversificada é fundamental, porque a formação do paladar da criança começa a se formar já no período intrauterino. Dessa forma, é imprescindível que a mãe cuide dos alimentos que ingere.

Exemplos de alimentos com cálcio que substituem o leite de vaca

Quantidade de cálcio contida em cada 100 gramas dos alimentos abaixo:

  • Tofu –159 mligramas de cálcio
  • Brócolis cru – 400 mligramas de cálcio
  • Sardinha – 500 mligramas de cálcio
  • Espinafre – 160 mligramas de cálcio
  • Semente de gergelim – 400 mligramas de cálcio
  • Soja – 90 mligramas de cálcio
  • Linhaça – 200 mligramas de cálcio
  • Grão de Bico – 120 mligramas de cálcio
  • Aveia – 300 mligramas de cálcio
  • Chia – 556,8 mligramas de cálcio

Além da alimentação, a segunda medida necessária para a formação de um ser humano saudável e com vida longa é preparar a região que a futura mamãe mais irá usar após o nascimento do bebê: os seios. Até recentemente, a orientação era massagear a aréola. Mas, novas orientações surgiram desde 2015. Assim, também é importante lavar a aréola e bico dos seios apenas com água e sem esfregar. Não é necessário fazer uso de bucha, toalha, sabonetes ou hidratantes no local. Esses cuidados são importantes, pois não tiram a proteção natural do seio.

Outro importante momento – configurado como a terceira ação do desenvolvimento de um ser humano saudável e com vida longa – é a consulta pré-natal com o pediatra. Ela pode ocorrer entre a 25ª e 30ª semana da gestação e tem por objetivo principal a escolha do pediatra, profissional que participará ativamente dos cuidados com a criança desde o nascimento até os 21 anos de idade. Nessa consulta, a futura mamãe pode tirar todas dúvidas a respeito do bebê, do parto, sobre as dificuldades da amamentação e, enfim, decidir quem será o pediatra do seu filho. Minha sugestão é que sejam feitas, ao menos, duas consultas com dois pediatras diferentes e que haja, sempre que possível, a presença do casal para que ambos decidam quem será esse “novo componente” da família: o médico pediatra.

Uma quarta medida essencial é a vacinação da gestante. Toda gestante deve realizar as vacinas de acordo com o Calendário Vacinal. São elas: hepatite A e B; dupla adulto (que contempla difteria e tétano); tríplice acelular (difteria, tétano e coqueluche); e, finalmente, a vacina contra a gripe (influenza).

Nos últimos anos, temos verificado um aumento expressivo dos casos de coqueluche entre os bebês. Por isso é fundamental que não apenas a gestante, mas também todos os familiares ou pessoas que estarão em contato com o bebê, como a babá, façam a vacina tríplice acelular, contra difteria, tétano e coqueluche.

É importante, ainda, que os pais saibam as diferenças entre as vacinas do serviço privado e público.

Serviço Público x Serviço Privado (diferenças no calendário)

  • Rotavírus – Monovalente no serviço público e Pentavalente no serviço privado;
  • Meningite – Pneumocócica 10 valente no serviço público e Pneumocócica 13 valente no serviço privado;
  • A vacina Hexavalente existe apenas no serviço privado;
  • A vacinação contra Catapora (Varicela) – está disponível no serviço privado a partir dos 9 ou 12 meses e no serviço público, é ministrada uma dose as 18 meses;
  • Meningite Tipo B – está disponível apenas  no serviço privado, com a primeira dose iniciando aos 3 meses, sendo a segunda feita dois meses depois e  um reforço aos 12 meses;
  • Hepatite A – disponível para crianças com 12 meses no serviço público, contudo, é oferecida apenas uma dose, quando o ideal é que seja feita uma segunda, aos 18 meses;
  • A vacina Meningocócica Conjugada Quadrivalente (A/C/W135/Y) – só está disponível na rede privada e, por enquanto, a primeira dose é dada a partir de um ano. Alguns países, contudo, aplicam essa vacina a partir dos 3 meses de idade em substituição a da Meningite meningocócica tipo C.

Após o nascimento do bebê, é necessário ainda que sejam observadas as vacinas presentes no Calendário da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a fim de que sua proteção seja garantida ao longo de seu desenvolvimento.

A importância do parto

Uma segunda etapa de cuidados inicia-se com o parto. É fundamental esperar o momento certo. O melhor é evitar marcar a cesariana, caso seja possível. Agora, sendo a cirurgia a escolha do casal, é preferível que ocorra sem que a mulher entre em trabalho de parto. O bebê pode estar apto a nascer entre a 38ª e 42ª semana. Guiando-se exclusivamente por essa informação, podem-se programar a cesariana para a 39ª semana sem que o bebê esteja pronto. Fazendo isso, corre-se vários riscos, tais como:

  • O pulmão pode ainda estar imaturo e o bebê pode, dessa forma, apresentar problemas respiratórios, como insuficiência respiratória transitória do recém-nascido;
  • A sucção pode ainda não estar totalmente desenvolvida e o bebê pode apresentar problemas sérios para se alimentar;
  • As defesas podem estar prejudicadas porque a mãe passa para o bebê uma bagagem de defesas que o protegerão até o 6º mês. Quando o bebê nasce antes do tempo fica sem essas defesas.
  • Quando nasce antes do tempo o bebê pode apresentar peso menor e formação incompleta de alguns órgãos ou sistemas.

Portanto, é fundamental esperar que o bebê dê o sinal para nascer. A mãe pode até escolher o tipo de parto que será realizado, mas o momento em que ele deve ocorrer, quem decide, é o bebê. Nesse sentido, o parto normal é mais vantajoso durante e após o parto, tanto para a mãe quanto para o bebê. A cesariana é um procedimento que deve ser feito apenas nos casos em que a mãe, de fato, não consiga realizar o parto normal.

Primeiros cuidados com o recém-nascido

Os cuidados com o recém-nascido vão do nascimento até o 28º dia.  Na maternidade, a mamãe deve investir todo o tempo, enquanto está rodeada de cuidados, para aprender a amamentar, já que as maternidades contam com especialistas em amamentação, os “Anjos do Leite Materno”. Esse deve ser o foco da mãe: aproveitar a disponibilidade desses profissionais para aprender a missão mais importante, em todos os sentidos, para a mãe e o filho. Mamães, aproveitem esse tempo de ouro para aprender a amamentar!

Ao sair da maternidade, em no máximo 48 horas, a primeira consulta pediátrica deve ser marcada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu o 5º dia como o “Dia Ouro” para a realização da primeira consulta (cabe ressaltar que após esta, as demais consultas devem ser mensais). É de fundamental importância a realização dessa primeira consulta para que sejam sanadas as dúvidas e para que possa ser feito o exame completo do bebê, além da comprovação da eficácia da amamentação por meio da avaliação da evolução do peso.

Nesse sentido, para uma amamentação eficaz e plena, é preciso: ensinar a pega correta, preparar a dieta da mãe, orientá-la a descansar e a não sentir sede (tomar muita água). É necessário, ainda, auxiliar a mamãe a superar dificuldades, como a mastite e dores pós-parto. Por fim, é de extrema importância prolongar o tempo de amamentação. As  mulheres do século  21 são diferentes, trabalham em três turnos (em casa,  fora  e amamentam) e, por isso, precisam de mais  apoio e  mais disposição para  poderem amamentar até o 6º mês. Para  ajudá-las, há medicações como metoclopramida e domperidonasulpiride. Há um caso famoso em Criciúma, interior do estado de Santa Catarina, a avó, com o sulpride, conseguiu amamentar o neto após a morte da mãe, ainda no parto.

Depois da conquista de uma amamentação plena, a segunda ação mais importante é criar  a rotina. Desde o 1ª dia em casa deve-se instituir uma rotina: durante o dia amamentar em livre demanda, não deixando passar de  3 horas o intervalo entre as mamadas, para  que o bebê não troque o dia pela  noite; à noite, só amamentar se o bebê acordar ou se o peito estiver muito cheio. É necessário compreendermos que o bebê gosta de  rotina, gosta da mãe e do pai, e  sofre  muito com a presença de estranhos.

Em nossa campanha em prol da amamentação, a cor dourada do laço simboliza que a amamentação é o padrão ouro para a alimentação infantil e cada parte do laço mostra uma mensagem especial:

* Uma parte do laço representa a mãe.

* A outra parte, representa a criança.

* O laço é simétrico, dizendo-nos que a mãe e a criança são ambos vitais para o sucesso da amamentação – igualmente necessários.

* O nó é o pai, a família e a sociedade – sem o nó, não haveria o laço; sem o apoio, a amamentação não seria exitosa.

Finalmente, cabe ressaltar algumas informações:

  • Bebês apresentam, até o 5º mês, reações normais como o soluço, espirro, alterações na respiração em alguns momentos (para mais ou para menos), tremor no queixo, braço e na perna, e um ronco leve após mamar;
  • O banho de sol é ideal a partir de um mês;
  • Os animais domésticos, quando presentes desde a gravidez, são positivos para a criança.

São esses os principais cuidados para termos um bebê saudável, com vida plena até os 100 anos!

 

Dr. Cecim El Achkar
Médico Pediatra
CRM/SC 2239 RQE 1779

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