Algumas crianças respiram pela boca. Esse hábito, aparentemente inofensivo, pode causar sérios problemas à saúde: é a chamada Síndrome do Respirador Oral.
Respirar pelo nariz é muito importante. O nariz funciona como um “filtro” e, quando respiramos corretamente, o ar se torna aquecido e limpo de impurezas que poderiam entrar no organismo. A criança que respira pela boca, está mais sujeita a infecções das vias aéreas superiores. Além disso, quando o ar passa a entrar e sair pela boca e não pelo nariz, vão ocorrendo alterações nos ossos da face, nas arcadas dentárias e no posicionamento correto dos dentes. Isso pode alterar definitivamente o crescimento harmonioso do rosto.
Essas crianças desenvolvem o que os especialistas chamam de “síndrome do rosto comprido”: elas ficam com rostos longos, estreitos, diferentemente do que ficariam caso respirassem pelo nariz.
Outro problema é que, quando a criança respira pela boca, ocorre uma má oxigenação do cérebro, ocasionando atraso no crescimento e desenvolvimento, além do déficit de atenção.
Muitos hormônios são dependentes de uma boa noite de sono. Desse modo, os distúrbios respiratórios alteram a qualidade do sono da criança e levam à produção inadequada dessas substâncias. Um exemplo é a redução do hormônio do crescimento, que ocasiona o retardo de crescimento. Pode ocorrer ainda a diminuição do hormônio antidiurético, acarretando a enurese noturna, o chamado “xixi na cama”.
O ideal é que o tratamento do respirador bucal seja iniciado o mais cedo possível.
Quando suspeitar da respiração oral?
A síndrome do respirador oral nem sempre é notada pelos pais, por isso é bom ficar atento a alguns sinais indicativos. Os mais visíveis são a dificuldade para manter a boca fechada, ronco, sono agitado, hábito de babar durante o sono e, até mesmo, tosse.
As crianças também costumam ter dificuldade na hora de se alimentar. Como não consegue respirar pelo nariz, o respirador oral é obrigado a manter os lábios abertos durante a mastigação para poder respirar, o que atrapalha a boa alimentação. Além disso, há sinais menos evidentes como irritabilidade, baixo rendimento escolar e sonolência diurna.
Resumidamente, são indícios da respiração oral:
- Nariz trancado;
- Dor de garganta;
- Tosse seca persistente;
- Dores de cabeça pela manhã;
- Infecções respiratórias frequentes;
- Mau hálito;
- Enurese noturna (“xixi na cama”);
- Sonolência / irritabilidade;
- Dificuldade alimentar;
- Mau aproveitamento escolar;
- Rosto alongado (característico do respirador oral crônico);
- Aumento de cáries dentárias;
- Deformidades da arcada dentária.
A presença de alguns desses sinais indica que a criança deve ser examinada logo.
Quais as causas da respiração oral?
A respiração oral geralmente é decorrente de uma obstrução nasal. Aumento de adenoide e/ou amígdalas, desvio de septo, alergias, sinusite, rinite, má formação do nariz e da boca são as mais comuns.
Alguns hábitos das crianças, tais como o uso de chupetas e mamadeiras ou de chupar o dedo podem desencadear o aparecimento da respiração oral.
Como tratar o respirador oral
O tratamento depende da causa, mas costuma ser feito por uma equipe de especialistas: pediatra, otorrinolaringologista, alergista, fonoaudiologista e ortodentista.
Em alguns casos, pode ser necessário operar a adenóide. A solução ainda pode estar no uso do aparelho ortodôntico ou acompanhamento com a fonoaudióloga. O importante é uma avaliação correta para se determinar o melhor tratamento.