Por que meu filho não come?

“Meu filho não come, doutor!” Esta é a afirmação mais frequente em consultório pediátrico por parte das mães com filhos acima de um ano de idade. Por que esse problema é tão frequente? Vamos iniciar a explicação desde o nascimento.
Uma criança nasce em media com 3,2 quilos e com 50 centímetros de estatura. Com um ano de idade, ela pesa em torno de 10 quilos e mede aproximadamente 75 cm. Teve, portanto, um aumento de mais de 300% no peso e mais de 50% na estatura. Entre um a dois anos de idade a criança passa de 10 para 12kg e de 75 para 85cm. Significa que ela obteve apenas 20% em peso no segundo ano, contra 300% que ganhara no primeiro ano: na estatura, o ganho foi de 15% no segundo ano, depois de ter crescido 50% no primeiro ano.
Ganhando muito menos peso, a criança precisa comer bem menos, pois sua necessidade é muito menor. Na imaginação dos pais, como pode um bebê que comia tão bem num ano tornar-se de repente inapetente? Isso, na sua imaginação, está errado. Mas, ao contrário, está tudo certo. A natureza fez assim e ela deve ser respeitada. A natureza também mantém o peso nessa idade que a criança está aprendendo a andar e para manter o equilíbrio e a criança realizar o sonho de caminhar adequadamente o peso precisa manter-se o mesmo – isso é a principal causa da estabilidade do peso. Existem alguns problemas de saúde que impedem a criança de comer como anemia, verminose e outros, mas isso pode ser resolvido nas consultas de rotina feitas pelo pediatra.
Com um ano de idade a natureza proporciona à criança capacidade de andar, de começar a se comunicar e de emitir os primeiros sons. Nessa idade, não é importante à criança apenas se alimentar, mas sim brincar, andar, falar, correr; ela tem uma energia inesgotável, a ponto de cansar toda a família. O grande problema é que os pais subestimam a criança, achando que ela não entende nada, e ai começam a aparecer os conflitos. Os pais, em sua maioria, tomam uma série de atitudes erradas para tentar fazer com que a criança coma: agradam-na, prometem mil e uma coisa, fazem aviãozinho e começam as acusações entre os pais e os outros membros da família, como tios e avós. A criança, percebendo que é importante para os pais que se alimente, começa a fazer o jogo e a chantageá-los, provocando um clima terrível em casa que acaba na desunião da família.
Basta recordar que sempre que o neném sente fome chora, parando somente ao ganhar o seio. Conclusão: a fome é o fator de sobrevivência mais importante, que leva a criança desde o nascimento a brigar contra ela com todas as forças, chorando com toda intensidade. Quando não chora é porque não tem fome, motivo pelo qual não adianta insistir. Existe um ditado que diz “a fome é a melhor cozinheira”.
A forma de disciplinar a criança é dar-lhe de comer sempre na hora certa e nada nos intervalos. Inicia-se pelo café da manhã ou mamadeira, almoço e jantar. Nos intervalos, nada, nem um iogurte, ou bolacha ou qualquer outra doçura. Deve ser evitada toda a guloseima. Deve-se ter como tema de nutrição só ingerir o que for natural e ou o que vier da natureza.
Um método que funciona bem, quando a criança faz muita “birra” para comer na presença dos pais, é fazê-la alimentar-se na escola, na casa da vizinha, com uma pessoa longe da presença dos pais. Procure, ainda, entender que o interesse de comer deve ser de seu filho. É importante que ele coma sempre que tiver fome e não tenha dúvida que nessas ocasiões ele procurará comida, mesmo que não lhe seja oferecida. Nas camadas mais pobres da população, esse problema não existe, mesmo quando há comida disponível. Espere sempre que seu filho peça a comida e todos os problemas serão resolvidos.
Gordura nunca foi sinal de saúde. O padrão de criança gorda foi lançado no Brasil e se enraizou tanto que está difícil de fazer os pais entenderem que a criança mais magra é sempre mais saudável. Educar é disciplina. Disciplinar a criança é um grande ato de amor.

Dr. Cecim El Achkar
Pediatra e Educador

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