Os falsos e verdadeiros hiperativos

 

 

Existem os bebês hipoativos, os normativos e os hiperativos, pelo que posso perceber em minha experiência médica diária, e esses temperamentos mostram-se desde os primeiros dias de vida. Os bebês hipoativos são bastante calmos, mamam, dormem e não reclamam, mesmo que a mãe não tenha leite suficiente ou quando estão agasalhados demais. São bebês que crescerão mais calados e que, aparentemente, aceitarão sem reclamar os acontecimentos ao seu redor.

Os bebês normativos são os que consideramos equilibrados. Que têm reações a tudo que os cercam, mas com moderação, reclamam com menos intensidade, vivem melhor, sem ansiedade e problemas de saúde.

Já os bebês hiperativos são aqueles que, já nos primeiros dias de vida, arregalam os olhos, passam mais tempo acordados, franzem a testa muito precocemente e reclamam de tudo: do leite não sair adequadamente, do incômodo da roupa, de ficar sozinho. Eles não ficam quietos um minuto. Adoram passear, desde os primeiros dias de vida, principalmente, de carro. E ainda reclamam ao parar no sinal vermelho. Esses bebês vão crescer reclamando de tudo e de todos. Choram por tudo. Levam tudo à boca com mais intensidade. Caem mais e sofrem mais acidentes por causa da grande energia e vontade de explorar tudo a sua volta. Falam muito, gesticulam o tempo todo e fazem várias atividades ao mesmo tempo. Precisam de espaço e não se adaptam a rotinas ou atividades paradas. Na escola, a dificuldade é ficarem sentados por horas.

Os pais e o pediatra devem estar atentos para conduzirem e orientarem essas crianças desde cedo para evitarem problemas futuros. Elas, se bem conduzidas, tornar-se-ão pessoas batalhadoras, mais competentes, com grande capacidade de realização pessoal. É importante a orientação correta para que canalizem sua energia tanto na positiva construção do conhecimento, como no lazer.

O maior desafio para todos nós são os falsos hiperativos, aqueles que parecem, mas não são. Como assim? Exemplifiquemos. Com muita frequência, encontramos mães reclamando que seus filhos não param, pulam o tempo todo, são agressivos, dormem mal, batem-se a noite toda, não comem bem. Em uma avaliação mais profunda, encontraremos crianças com dor, geralmente, por uma esofagite, por refluxo gastroesofágico e, como não sabem dizer o que sentem, tentam, de todas as formas, livrarem-se da dor com essas atitudes. Parecem hiperativos, mas, com o tratamento correto, transformam-se em crianças calmas e dóceis.

Outro exemplo são os bebês, crianças ou até adultos que têm dor por alergia ou intolerância a algum alimento – a mais comum tem o leite como causa – tornando-se, também, pessoas com manifestações de hiperatividade. A partir do momento em que a alimentação é reformulada, também ocorre mudança no comportamento. Há, também, os bebês que passam fome, e, por isso, ficam hiperativos. Quando são alimentados adequadamente, passam a dormir e ficar bastante calmos. Crianças com verminose se tornam hiperativas devido a dor e a coceira, e não param, nem para dormir. Assim que tratadas, voltam a ser doces.

E como ficam aquelas crianças que não conseguem desenvolver-se na escola, além de ninguém conseguir ficar perto devido sua agitação? Uma grande maioria torna-se assim, porque os pais e familiares estão em conflito ou a agridem e ela responde com hiperatividade. É uma resposta à agressão vivida. São crianças rejeitadas pelos pais, que desejam chamar a atenção, receber a atenção ou até mesmo unir os pais novamente. Portanto, existe uma gama de causas que podem levar à hiperatividade e que podem ser resolvidas, desde que se identifiquem as causas e as tratem.

Lembremos: sempre que nos depararmos com alguma criança hiperativa, antes de medicá-la, devemos procurar, exaustivamente, uma causa física, caso não encontremos, devemos ir à busca de um fator emocional. Com certeza, acertaremos, na grande maioria dos casos.

 

Dr. Cecim El Achkar

Pediatra e Educador

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